Núcleos de Apoio à Pesquisa (NAP) da USP que promovem o Ciclo
O Núcleo de Apoio à Pesquisa (NAP) Brasil África da USP tem como objetivo promover a consolidação de um espaço interdisciplinar de pesquisa, debate e divulgação para pesquisadores e grupos de pesquisa que estudam o Continente Africano e as relações afro-brasileiras. O Núcleo tem mostrado uma vocação não só para o aprofundamento das abordagens acadêmicas como também para a expansão das conexões entre a universidade e os espaços extra-acadêmicos. Entre as ações em prol da internacionalização da USP, o NAP Brasil África tem procurado fortalecer a cooperação acadêmica em diferentes esferas e incorporar o multilinguismo – por exemplo, na tradução de seu site para idiomas indo-europeus (espanhol, inglês e francês) e não-indo-europeus (como kiswahili, lingala e árabe).
Além disso, é importante lembrar do trabalho contínuo, nos últimos anos, na promoção de palestras, debates, seminários, workshops e publicações, dentre outras atividades acadêmicas, que envolveram e envolvem docentes e pesquisadores especialistas nas temáticas africanas e afro-americanas e que atuam em renomadas universidades nacionais e estrangeiras. Nesse sentido, o NAP Brasil África tem se constituído como um cluster de pesquisa de excelência cuja vocação internacionalista e cosmopolita está atenta às demandas locais e busca respondê-las por meio do desenvolvimento de pesquisas e de seus cursos de extensão, com o objetivo de multiplicar e divulgar o conhecimento, ampliar e democratizar o acesso às pesquisas e aprofundar e consolidar trocas e diálogos inéditos e cosmopolitas, contribuindo para avanços científicos significativos no campo dos Estudos Africanistas e Afro Brasileiros.
O NAP Brasil África possui um grupo de pesquisa registrado no CNPq desde 2012, http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/0890334547392379, coordenado pelo Prof. Dr. Paulo Daniel Farah e pela Profa. Dra. Marina de Mello e Souza, com linhas de pesquisa sobre “Literaturas Africanas e Afro-Brasileiras”, “História, Cultura e Poder”, “Solidariedade e articulação de interesses geopolíticos e econômicos” e “Documentos e Metodologias”, entre outras. Além disso, sedia grupos de pesquisa e mantém parcerias com outros grupos e entidades no sentido de promover diálogos e sinergias com variados clusters e movimentos sociais.
O NAP Brasil África sedia e desenvolve projetos em parceria com diversos departamentos e centros da Faculdade de Letras, na realização de cursos (sobre literatura afro-brasileira, literatura árabe, presença africana de língua portuguesa, entre outros), palestras, seminários e no desenvolvimento de projetos de pesquisa.
A rede coordenada por integrantes do NAP mobiliza grupos de pesquisadores que estão envolvidos no projeto e estarão presentes nas várias fases do evento. Entre eles, o Grupo de Pesquisa “Temáticas, narrativas e representações árabes, africanas, asiáticas e sul-americanas e de comunidades diaspóricas”, http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/4108737259990255, registrado no CNPq desde 2009 e coordenado pelo Prof. Dr. Paulo Daniel Farah.
O NAP Brasil África sedia e desenvolve projetos em parceria com o Departamento de História, estimulando trabalhos de campo e o contato dos alunos de graduação com comunidades remanescentes de quilombos, de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Na associação entre os programas de pós-graduação da FFLCH/USP e as agências federais de fomento, participa de programas de mobilidade e intercâmbio internacional, e missões acadêmicas no exterior para consolidar relações sobretudo com as universidades de Moçambique e da África do Sul. Além disso, no sentido de promover diálogos e sinergias com variados clusters e movimentos sociais, estabelece relações com vários grupos, entre eles o Grupo de Pesquisa Ana Gertrudes de Jesus, mulher da terra (CNPq/DH/USP), http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/511317, que, formalizado em 2019, desenvolve ciclos de palestras e discussões em torno da história social dos grupos subalternos do Sul Global, da História das Mulheres na África e América e outras temáticas, envolvendo alunos de graduação, de pós-graduação e pós-doutores.
Em parceria com diversas unidades da USP (incluindo mas não apenas FFLCH, FEUSP e ECA), e com a participação central do NAP Brasil África, a Bibli-ASPA, que integra o Grupo “Temáticas, narrativas e representações árabes, africanas, asiáticas e sul-americanas e de comunidades diaspóricas” (registrado no CNPq/USP em 2009), promove o Programa para Refugiados, que visa garantir educação de qualidade para refugiados e imigrantes e, como consequência, a possibilidade de estudo superior, na graduação e na pós-graduação, além de inclusão, inserção e acesso a trabalho, moradia e saúde. O Programa para Refugiados – Curso de Língua Portuguesa e Cultura Brasileira, oferecido a pessoas de mais de 40 nacionalidades, é um projeto transdisciplinar coordenado pelo Prof. Dr. Paulo Daniel Farah que faz parte do Programa Aprender na Comunidade, promovido pela PRG/USP (um programa que visa à formação transdisciplinar do estudante de graduação por meio do desenvolvimento de sua prática profissional junto à comunidade). Cabe ressaltar que o Programa para Refugiados, promovido pela USP em parceria com a Bibli-ASPA, foi reconhecido como um projeto que promove os objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU. No entendimento de que o projeto promove educação de qualidade e cultura de paz e ajuda a combater a xenofobia, o racismo, a intolerância religiosa e outras formas de discriminação.
O NAP Diversitas – Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos, formado por diferentes especialidades nos campos das humanidades, é um centro de referência acadêmica nos estudos da intolerância, das diversidades e dos direitos humanos. Em conformidade com o saudável princípio da interdisciplinaridade, seus pesquisadores dedicam-se a temáticas como o direito à vida, às liberdades, ao construto cultural em suas diversidades, ao bem viver e ao bem morar. A preocupação em estabelecer diálogo contínuo com saberes oriundos do vivido da população, que habita diferentes regiões do país é uma constante em sua produção. Seus objetivos concentram-se nos estudos de fenômenos analisados por enfoques diferenciados envolvendo docentes das muitas Unidades da USP articulados em três frentes: 1) redefinição do campo conceitual dos debates sobre intolerância/tolerância numa nova abordagem – as diversidades – por ser esse conceito fundamentado epistemologicamente numa perspectiva interdisciplinar; 2) desenvolvimento de pesquisas relativas aos conflitos contemporâneos em espaços nacionais e internacionais e a necessidade de reconfiguração das estruturas político-jurídicas para abarcar as diferentes legitimidades decorrentes dos limites do direito instituído; 3) implantação dos estudos e pesquisas realizados no Diversitas por meio de seu Programa de Pós-Graduação Humanidades, Direitos e Outras Legitimidades – PPGHDL criado pelos pesquisadores do Núcleo. O Programa oferece os cursos de Mestrado e Doutorado e abre inscrições anualmente. Desde 2018 o Diversitas tem atuado em regiões da cidade de São Paulo, bem como em aldeias indígenas, oferecendo suas disciplinas de pós-graduação nos próprios territórios, contando com parceiros locais. Esta experiência tem sido importantíssima, sobretudo, por significar uma nova estratégia para aproximarmos pesquisa, ensino e extensão. Desde 2019 o PPGHDL adota em seu processo seletivo Política de Ações Afirmativas dirigidas exclusivamente para candidatas(os) autodeclaradas(os) negras(os), pessoas com deficiência, pessoas trans, indígenas e pessoas em situação de refúgio, apátridas e portadoras de visto humanitário, que desejarem optar por participar da Política de Ações Afirmativas.
Diversos integrantes do Diversitas coordenam grupos de pesquisa registrados no CNPq, entre os quais: CÓCCIX Estudos (in)disciplinares do corpo e do território, dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/1075373394298447, coordenador pela Profa. Dra. Silvana de Souza Nascimento; Salus – Grupo de Estudos de História das Práticas Médicas e de Saúde, dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/6704359102134429, coordenado pelo Prof. Dr. André Mota; CETES Centro de Estudos de Turismo e Desenvolvimento Social, dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/4947268794768517, coordenado pela Profa. Dra. Karina Toledo Solha; Temáticas, narrativas e representações árabes, africanas, asiáticas e sul-americanas e de comunidades diaspóricas, http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/4108737259990255, coordenado pelo Prof. Dr. Paulo Daniel Farah.
O Centro de Estudos Ameríndios (CEstA) tem como objetivo geral consolidar um diálogo interdisciplinar a respeito de questões pertinentes ao conhecimento dos povos indígenas das Américas, divulgando esse debate e reflexões no âmbito acadêmico, adensando ações de difusão científica e formando jovens pesquisadores. Os trabalhos desenvolvidos no CEstA visam ainda embasar a produção de subsídios qualificados para contribuir com políticas públicas envolvendo populações ameríndias, sobretudo aquelas que se encontram em território brasileiro. Esse projeto enfrenta três grandes desafios. O primeiro é construir um sólido e produtivo diálogo entre pesquisadores e metodologias, e também entre acervos, fontes e bibliografias, das áreas disciplinares consolidadas na USP. A Etnologia Indígena colabora de forma expressiva nesse projeto, com trabalhos e formação de pesquisadores cuja qualidade é reconhecida nacional e internacionalmente há muitas décadas. O Museu de Arqueologia e Etnologia constitui hoje um dos maiores e mais reconhecidos centros de estudos arqueológicos sobre as Terras Baixas Sul-Americanas, cujo acervo de cultura material é de reconhecida importância. O Departamento de História da FFLCH investe na expansão da área de História Indígena desde o começo dos anos 2000, atraindo o interesse de muitos alunos e em interlocução com centros renomados. O segundo desafio é incorporar novos interlocutores acadêmicos a esse diálogo interdisciplinar. Nesse sentido, participam do CEstA três outras áreas de conhecimento: a Matemática e Ciência da Computação, os Sciences Studies e a Antropologia Urbana. O terceiro e mais recente desafio é construir diálogos e interlocuções cada vez mais simétricas entre os pesquisadores acadêmicos e os interlocutores, lideranças e pensadores indígenas, que produzem uma autorreflexão sobre as suas e as nossas culturas e histórias que não pode mais ocupar um papel coadjuvante na produção do conhecimento realizado no âmbito da Universidade.
A consolidação dessa articulação interdisciplinar e com os próprios indígenas visa tanto à implementação quanto à mudança de políticas públicas voltadas aos povos indígenas, como as fundiárias, de saúde, patrimônio e cultura, considerando que as políticas públicas não se resumem a políticas governamentais, mas envolvem também movimentos sociais organizados e a reflexão e crítica acadêmica, às vezes em oposição às políticas de Estado. Nesse sentido, ressalta-se que este NAP oferece, por contraste e composição comum de política e conhecimento aí enlaçados entre nós e os povos ameríndios, importantes alternativas para o entendimento e indicações de soluções para as sociedades ditas envolventes (sejam estas chamadas de modernas, científicas, industriais ou estatais), uma vez que muitos dos problemas hoje compreendidos como inevitavelmente globais (mudanças climáticas, segurança alimentar, etc.) exigem alternativas de soluções coletivas que necessariamente passem por um reexame das relações entre nós e eles.
O NAPPLAC – Núcleo de Apoio à Pesquisa Produção e Linguagem do Ambiente Construído constituiu-se no início dos anos 90 com o intuito de promover pesquisas sobre a produção e a apropriação do espaço urbano, tema necessariamente interdisciplinar, mas pouco explorado naquela época. A equipe, após alguns anos de trabalho, nucleou-se em vários novos projetos. Atualmente a ênfase das pesquisas é no estudo das recentes transformações urbanas em áreas centrais ou informais/periféricas nas metrópoles, especialmente as latino-americanas, através da identificação de elementos, processos e questões relativas à produção e apropriação do espaço urbano no plano teórico – identificando conceitos e grades conceituais correspondentes a diferentes campos disciplinares – e no plano empírico – examinando os processos sociais e seus correspondentes espaciais em projetos urbanos concretos.
O NAPPLAC congrega um grupo de professores/pesquisadores que trabalham em temas correlatos, nucleiam pesquisas de diferentes naturezas e amplitudes, trazendo parcerias nacionais (órgãos públicos e organizações de sociedade civil) e internacionais (grupos de pesquisa e Universidades) à Unidade, que já resultaram na divulgação de resultados em publicações cientificas, desenvolvimento de projetos e atividades de extensão e também formação de recursos humanos de alunos de graduação e pós-graduação nas atividades de pesquisa e de extensão.
Nos últimos dois anos se desenvolveram diversas atividades de pesquisa e extensão em colaboração com outras unidades da USP, instituições públicas e organizações sociais, cujo desenvolvimento articulou atividades de ensino na graduação e na pós-graduação com experimentações de pesquisa participativa aplicada. A importância da experimentação de práticas de ensino na atividade de pesquisa em pós-graduação tem ganhado espaço nas atividades do Núcleo que vem se tornando um laboratório de experimentação que conduz simultaneamente a pesquisa teórica e a vivência na comunidade.
De forma geral os projetos realizados e em desenvolvimento contribuem para aproximação do saber acadêmico e popular bem como alimentam a transferência do conhecimento acadêmico nos temas da cidade e dos assentamentos humanos e sua compreensão sobre desigualdades e de exclusão social. As parcerias realizadas com o Poder Público contribuíram com o aprofundamento e transferência de conhecimento da produção crítica sobre os temas das pesquisas bem como promoveram o intercâmbio acadêmico com o Poder Público Municipal e Grupos de Pesquisa de IES brasileiras e latino-americanas.
Duas atividades de pesquisa e extensão recentes ilustram o campo de ação do NAPPLAC, como (i) o projeto de Extensão “Cartografia interdisciplinar no território do Butantã: fortalecimento de redes solidárias a partir do Ponto de Economia Solidária e Cultura da região”; desenvolvido em colaboração com outras unidades da USP (Instituto de Psicologia, Faculdade de Medicina – Curso de Terapia Ocupacional), Ponto de Economia Solidária e Cultura do Butantã – equipamento do SUS vinculado à Rede de Atenção Psicossocial Oeste – e organizações sociais do Butantã; (ii) outro projeto, “Espaços de brincar, de aprender e de ensinar: uma escola Xavante. da Aldeia Etenhitiripá – Terra Indígena Pimentel Barbosa – MT” nucleou grupos de pesquisa (Núcleo de Estudos e Pesquisas em Tecnologias Indígenas – Tecnoíndia da Universidade Federal do Mato Grosso – UFMT) e a Associação Xavante Etenhiritipá – AXE (MT), que formou e capacitou pesquisadores, pós-graduandos e estudantes de graduação no desenvolvimento e experimentação de metodologias e práticas participativas e também ofereceu ferramentas para a Associação dialogar com os órgãos públicos, afins ao tema, do Estado do Mato Grosso (ensaios de projeto).
O NAPPLAC possui grupo de pesquisa registrado no CNPq: Núcleo de Apoio à Pesquisa; Produção e Linguagem do Ambiente Construído – NAP/PLAC, dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/7263725562645006, coordenado pela Profa. Dra. Maria de Lourdes Zuquim.
Diferencial proporcionado pela interação entre os Núcleos de Pesquisa:
Os NAPs proponentes congregam docentes e pesquisadores altamente qualificados, com competências complementares e que atuam em diversas áreas do conhecimento. Assim sendo, tal reunião permite equacionar e dimensionar esse quadro de diversidade e perceber como cada um dos participantes (docentes, pesquisadores, estudantes e lideranças dos movimentos sociais) enxerga e vive as mudanças em curso, expandindo com isso os ganhos da interdisciplinaridade e da internacionalização, diretrizes da USP como suporte à cooperação acadêmica em matéria de ensino, pesquisa, cultura e extensão universitária. A reunião dos quatro NAPs proponentes deste evento – e possivelmente a participação posterior de outros – é estratégica. Os NAPs congregam a expertise necessária para o enfrentamento de tais desafios, pois têm lidado diretamente com questões relativas à inclusão, ao ingresso e à permanência de estudantes na universidade. Além disso, os NAPs proponentes vivenciam há alguns anos um processo de acúmulo de reflexões, práticas e experiências inovadoras que, neste momento, se tornam especialmente relevantes para o encaminhamento de soluções inovadoras e que, acima de tudo, ajudem a garantir os direitos de nossas juventudes.
Cabe destacar a construção de redes e a elaboração conjunta de projetos relacionados à educação, à pesquisa, à interação com a sociedade, ao fortalecimento democrático, ao direito à memória e à valorização das epistemologias do Sul de modo a promover a cidadania global nos termos preconizados pela Unesco e em conformidade com os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) da ONU, especialmente o quarto relacionado à educação de qualidade.
Nome do NAP | Coordenador |
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NAP Brasil África | Prof. Dr. Paulo Daniel Elias Farah |
NAP Diversitas | Prof. Dr. Sérgio Bairon |
NAP CEstA | Profa. Dra. Marta Rosa Amoroso |
NAPPLAC | Profa. Dra. Maria de Lourdes Zuquim |